
Malta é um país fora dos radares dos viajantes e é uma pena. O país divide-se em três ilhas principais: Malta, Comino e Gozo. Estive nas três, é um lugar bonito que se visita sem grande pressa em meia dúzia de dias. Depois de vários dias a circular entre ilhas, na Grécia e na época de Páscoa, onde a maioria das coisas estava fechada foi bom voltar ao ritmo normal. Aterrámos depois de almoço naquele que é o aeroporto principal (e único) do país, por sinal bastante pequeno, de acordo com o tamanho do território.
Uma das dicas que li nas minhas pesquisas era a necessidade extrema de alugar um carro. Em momento algum sentimos que era necessário. A rede de transportes públicos (autocarros e barcos) é bastante ampla e é amiga da carteira.
Embora tenhamos viajado em época baixa o preço dos alojamentos é salgado para quem viaja de mochila às costas por um período mais longo de tempo. A zona mais barata é a zona backpacker e festiva, St Julians. Ficámos num hostel boa onda mas ruidoso por se situar numa rua cheia de bares e lojas. (ok, isto é a velhice a falar ahaha). Para além de festa é também uma zona de praia, mas o Sol que lá apanhámos não convidava muito ao bronze, é a parte ''chata'' de viajar em época baixa.
Foi a partir de St. Julians que explorámos todo o país, dividimos os dias pelas zonas que tínhamos mais interesse em conhecer e orientámo-nos com os horários dos transportes. Depois de pousarmos as mochilas, conhecemos uns brasileiros que estavam a estudar em Malta e viviam no hostel. Deram-nos dicas e orientações gerais para aproveitarmos o país da melhor forma. Não tinha noção mas este é um dos países preferidos na Europa para os brasileiros estudarem Inglês. Como já era fim da tarde fizemos reconhecimento do local e comemos uma pizza divinal. Devido à proximidade com Itália é inevitável a influência na cozinha.
Falaram-nos na Blue Grotto. Deram-nos a indicação do transportes e lá fomos nós em busca daquela formação rochosa. Na verdade, não achei super incrivel. É bonito mas não imperdível. Mas a minha experiência foi influenciada pela ventania que se sentia, a hora do dia (fomos ao pôr-do-sol e ele põe-se do lado oposto) e ao facto de não ter ido lá de barco. Eu gosto desses passeios, de estar no meio das coisas porque temos uma dimensão diferente do que nos rodeia. Vale a pena ir ao miradouro e apreciar a rocha mas acho que o passeio de barco também tem de ser feito para complementar a experiência.
A caminho de La Valleta parámos em Sliema, é o lugar que tem a melhor vista sobre a capital e voltámos a entrar no autocarro seguinte. É de ressaltar que quando se paga um bilhete temos uma hora de uso, ou seja usámos vários autocarros com o mesmo bilhete sem pagar mais por isso.
Entrámos pela City Gate, onde fica a estação dos autocarros. Esta entrada lembrou-me Dubrovnik numa cor diferente mas igualmente atraente. Prometia!
La Valletta é uma cidade muito interessante de se caminhar. Adorei a cor terracota que predomina e que transmite harmonia até ao mais desatento, as varandas coloridas que sobressaem na fachada das casas e todas as figuras religiosas que enfeitam os próprios edifícios. O povo maltês é um dos mais religiosos e isso é visível nas dezenas de igrejas que vamos encontrando e nestes pequenos pormenores. Amei as praças solarengas que convidam a uma pausa e as vistas lindas sobre a cidade e sobre o mediterrâneo. As minhas pernas adoraram a inclinação das ruas (not) e as escadarias. Apanhámos um desfile de crianças mas não entendemos o que se passava. Achámos que era uma coisa com alguma importância quando vimos os carros do governo maltês.
Continuámos pela cidade visitando vários pontos interessantes. Esta cidade é Património Mundial da Humanidade e com a sua história intensa de tantos povos que por aqui passaram está cheia de influências europeias e do médio oriente. Sem olhar para o mapa seguimos caminho com muitas surpresas. National War Museum, Catedral de São Paulo Anglicano (a imagem mais famosa de Malta e da cidade), Jardim Barakka onde se vê as três cidades: Vittoriosa, Cospicua e Senglea, onde a História Maltesa começou.
E por ai adiante.
Já perto do meio dia chegámos ao Monumento do Sino do Cerco, Reparámos numa placa a avisar que o Sino tocava às 12h, mesmo estando à espera saltámos de susto! No meio da caminhada por entre ruas e ruelas entrámos na Co-Catedral de São João durante a missa e é das mais bonitas onde já estive. Não tenho fotos pois é proibido fotografar durante a cerimónia religiosa. A fila deixou-nos desmotivadas e seguimos caminho.O bilhete são 10 euros e vale a pena a entrada. Este lugar foi a sede espiritual da Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta.
Depois do almoço e já com La Valletta toda vista fomos para uma cidadezinha piscatória bastante conhecida pelo seu mercado de peixe, Marsaxlokk. Era domingo mas o mercado já não estava a funcionar. As pessoas passeavam devagar na avenida junto ao porto e os barcos coloridos, os luzzu, saltavam à vista. As tascas e os restaurantes estavam a esvaziar. Mas o que realmente me prendeu a atenção foi o pormenor dos olhos que todos os barcos tinham. Os chamados Eye of Osiris foram levados para Malta pelos Fenícios. Tornaram-se um símbolo de protecção e boa sorte dos pescadores da ilha. Gostei tanto que comprei dois para trazer.
Para terminarmos em beleza não quisemos deixar de conhecer as cidades fortificadas de Mdina, a cidade silenciosa e Rabat. A primeira foi durante muito tempo a capital de Malta. Se o nome nos transporta para algo árabe, o que não seria de estranhar visto a localização da ilha, a realidade é diferente. Em vez de mesquitas temos uma catedral católica bem no centro da cidade e alguns palácios. As ruas são muito estreitas e toda a construção é da mesma cor que La Valletta, terracota. Mdina ganhou o nome de cidade silenciosa por ser um lugar muito tranquilo, onde vive pouca gente e os carros não têm lugar. Apenas os dos residentes são permitidos, vivem tão poucas pessoas que nem se dá por elas. Nós podemos confirmar essa calmaria relaxante. As cidades são muito pequenas e é tudo caminhável por isso depois de deambular em Mdina fomos até Rabat, onde se pode ver a Catacumba de São Paulo e a Domus Romana. Aí o princípio foi o mesmo de sempre, caminhar devagar pelas ruas, ter atenção aos pormenores e aproveitar o silêncio.
As fotos falam por si.
Com o passar dos dias só desejava que o tempo ficasse mais quente para aproveitarmos as piscinas naturais e as praias. Até porque nos faltava um hotspot. A ilha de Comino, a meio de caminho para Gozo.
Conto-vos tudo no próximo post!




































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K.