
Chegámos a Podgorica ao anoitecer e fugimos dela como o diabo foge da cruz. Tem fama de ser a capital mais feia da Europa e nós não quisemos ter o proveito. Seguimos viagem no primeiro e, julgo que único, autocarro que saía em direcção a Pristina.
O Kosovo mora no meu imaginário há muitos anos. Em 2010, pusemos a hipótese mas as fronteiras estavam fechadas e havia conflitos amiúde. Não desisti e passado sete anos ali estava eu, pronta da vida, para conhecer aquele pedacinho da Europa. Por mais que tente descrever a excitação que estávamos não consigo transcrevê-la nem uma décima parte. Estávamos tão eufóricas que o pessoal à nossa volta perguntou-nos se conhecíamos a história do país.
Claro que sim, infelizmente faz parte das nossas memórias de infância.
Seguimos, madrugada dentro, em direcção ao primeiro destino kosovar Pristina. A fronteira foi fácil e rápida. A luz fraca do autocarro dava-me mais sono e lá fora estava escuro que nem breu. A certa altura, encostada à janela, abri os olhos desejando conseguir ver no meio daquele negrume. Começo a distinguir as figuras das árvores e umas sombras brancas que me parecia neve. Neve?? Como assim, neve? Oh São Pedro qual foi a parte que não entendes na palavra calor?
Devíamos estar a uma altitude aceitável para estarem uns quantos metros de neve mas pareceu-me começar a descer, em curvas e contracurvas, uma montanha.
Devíamos estar a uma altitude aceitável para estarem uns quantos metros de neve mas pareceu-me começar a descer, em curvas e contracurvas, uma montanha.
Chegámos a Pristina às 4h30 da manhã e já tinhamos decidido que não iamos lá ficar. Sentámo-nos num café 24/7 e esperámos que o guiché abri-se. O autocarro para Prizren saía às 6h30.
A viagem foi dura até ali e eu, apesar de ter bebido café, estava a cair de cansaço. Dormi todo o percurso que durou pouco mais de uma hora. Quando chegámos, procurámos o nosso hostel e recuperámos forças para explorar a cidade.
Prizren é charmosa e tem uma personalidade forte. Entre igrejas seculares e mesquitas antigas caminhámos com o objectivo de absorver o máximo. Era um prazer estar ali.
O centro histórico é acolhedor e de acesso fácil, ficámos alojadas no Driza's House que é muito bem localizado e barato. Aliás, viajar no Kosovo é barato, apesar de usarem o euro.
Cruzámos o rio Bistrica pela ponte Otomana, uma ponte de pedra do século XV recentemente restaurada e seguimos sem destino.
As esplanadas estavam cheias de gente e o ambiente estava animado.
Encontrámos a Mesquita do Sinan Pasha, de 1615, e adorei o seu interior. Na parte detrás tinha um jardim muito agradável e umas lojas de souvenirs. Foi numa dessas lojas que comprei o meu tapete (sim, foi muito divertido andar com o tapete dentro da mochila). Mais à frente passamos pela Igreja de Nossa Senhora de Ljeviš, uma igreja sérvia construída no século XII, convertida em mesquita durante o Império Otomano e devolvida à igreja ortodoxa no século XX que é vigiada por guardas armados para que não seja destruída. Seguimos e vimos a Catedral de São Jorge, também ela vigiada por guardas, está em funcionamento mas na altura estava fechada. Logo a seguir encontrámos a Capela de São Nicolau.
O caminho até à fortaleza medieval é improvável e está em mau estado. Seguimos a seta que diz Kalaja que nos leva a um bairro com uma subida tremenda. É nesse caminho que nos deparamos com um dos resquícios mais evidentes dos conflitos na cidade, a Igreja do Divino Salvador, ortodoxa de 1330, que em 2004 foi destruída, ficando de pé apenas a estrutura. Assim como as ruínas das casas dos poucos sérvios que ainda ali viviam.
A vista lá de cima paga bem pela subida nível médio. Observar a cidade e as montanhas até onde a visibilidade deixa é incrivel. Por si, a fortaleza não tem nada de especial mas a vista é realmente extradordinária. Estava frio e vento mas mesmo assim aproveitámos para ficar algum tempo a contemplar o panorama. Antes de ficar escuro, começamos a descer e realmente para baixo todos os santos ajudam.
Ao longo do rio há muitos bares e restaurantes, foi num desses que descansámos e jantámos. O senhor perguntou-nos de onde éramos, depois de nos ter ouvido falar, e quando lhe respondemos que éramos portuguesas começou a dizer todas as equipas de futebol, inclusive da segunda divisão.
Passámos um serão bastante agradável.
Adorei a amabilidade das pessoas e a boa energia desta cidade com um passado sangrento. É preciso disponibilidade para se deixar envolver num lugar como o Kosovo, uma vez lá, será amor para toda a vida.
Na manhã seguinte ainda caminhámos pelo centro, que adorámos, antes de apanharmos o autocarro para Tirana.





































Fiquei com outra ideia de Kosovo depois da tua partilha. Gostei muito :)
ResponderEliminarÉ um lugar com uma energia brutal, não há muito turismo apesar de ser a cidade mais turistica do Kosovo. Vale muito a pena a visita 😁 Obrigada
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