DON'T FORGET '93 | K A R K O V A

DON'T FORGET '93



Partimos de Split, bem cedo, em direcção a Mostar com a intenção de ficarmos dois dias. O plano era explorar a capital da região de Herzegovina e conhecer as cascatas de Kravice.
Chegámos com a chuva e com pouca esperança. Procuramos o nosso hostel, que era bastante central e percebemos que a nossa experiência começava precisamente ai. Ficámos no Golden Bridge, um hostel gerido por Stefan, um excêntrico de cabelo negro com o coração do tamanho do mundo.
Recebeu-nos com chá e uma palestra sobre a vida no geral. Com a chuva a bater na janela, foram várias as vezes que perdi a atenção e me perdi pelos quadros que estavam na parede.
Quando a chuva acalmou saímos para aproveitar a cidade. Rapidamente entendemos que sem uma excursão organizada era muito difícil chegarmos às cascatas. Os transportes púbicos são quase inexistentes e não tínhamos muito tempo disponível. Os horários não batiam certo com a volta para a Croácia e por isso decidimos seguir viagem para Dubrovnik no dia seguinte.

A primeira vez que estive na Bósnia foi em 2010 e lembro-me como se fosse hoje de chegar ao terminal dos autocarros de manhã muito cedo cheia de expectativas. Um dos meus amigos perguntou a dois rapazes de mochila às costas como era Sarajevo. Nunca me vou esquecer da resposta, Parece que saiu de um conto de fadas. Ainda com muitos resquícios da guerra e em pleno Ramadão adorámos a cidade e ficámos com muita vontade de conhecer o resto do país.
Sobre esta viagem irei a fazer um diário fotográfico em breve.

Mostar é, normalmente, aproveitada como day-trip por pessoas vindas de Split ou Dubrovnik. 
A grande referência da cidade é a Stari Most, ou Ponte Velha, que foi bombardeada pelas tropas croatas em Novembro de 1993 e colapsou. Levando consigo mais de quatro séculos de História. Foi reconstruída em 2004 e eleita Património Mundial da Unesco em 2005. 

Mostar foi melhor do que imaginei. 
Adorei a zona histórica. Adorei caminhar pelas ruas junto ao rio Neretva. De esquecermos o mapa, orientarmo-nos à Marquês de Pombal e acabarmos completamente perdidas. De procuramos ver a Ponte de todos os ângulos e perspectivas, e descobrirmos que da Ponte Stari Pazar e do pátio do mercado eram os melhores lugares (sem pagar) para tirar fotografias. Adorei quando nos afastámos do centro e procuramos um lugar para comer comida bósnia a preços locais e até abraços recebemos. Da mesquita Koski Mehmed Pasha. Do cemitério da mesquita Karadjoz Bey. Das mil lojinhas com carteiras turcas a 1€. De me sentar numa esplanada e sentir o ambiente bazar turco. 

A guerra acabou há 22 anos mas os resquícios da guerra estão por toda a parte. Faz parte tropeçarmos num cemitério ou num edifício cravejado em balas. Faz parte da experiência.

Mostar não (se) esquece.


















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K.

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